... escutava:
-Jamais aponte o dedo para uma estrela, irão nascer [verrugas] em você.
E eu não apontava nunca, odiava as tais ‘verrugas’!
Havia um quintal enorme na minha casa e, por assistir, na época, alguns filmes de terror, eu acreditava piamente que alguma coisa havia ali enterrado, algum segredo, corpos, peças indígenas ou mesmo um homem de Neandertal.
Era muito comum, na meninice, berrar um belo “imbecil” na cara dos coleguinhas inimigos. Minha mente nunca barrou os nomes feios, e lá ia eu disparar um “vá se f*...” por qualquer motivo. (as coisas não mudaram muito!).
Quando eu era criança, morria de assistir Chaves e adorava imitar o choro da Chiquinha (uéé uéé uéé uéé, junto com os braçinhos... imitação completa), do chaves (piii pi pi pi pi pi pi pi pi pi), e do kiko (arrrrruuuuuuu).
-Vamos tesouro, não se misure com essa gentalha!
-Gentalha, gentalha! Prffuuu!
Eu achava que Popeye, Luluzinha, Alice e Pinocchio existiam mesmo.
Na minha concepção de mundo, criança só é criança se um dia ficou dentro do carro contando os postes lá fora, a tinta no asfalto ou fazendo caretas pelo vidro para os motoristas do carro de trás.
Eu me divertia muito fazendo isso!
Eu adorava me meter na cozinha, inventando receitas.
Uma vez, resolvi que faria um bolo, coisa de cinema! O bolo, claro, não prestou!
Solução criada? ENTERRAR! Enterrei o bolo no quintal.
Depois a preocupação foi apenas uma: se nascer um pé de bolo minha mãe vai descobrir e eu estarei frita!!!
Imaginação, eis o diferencial.